Prognóstico: Manutenção e Conhecimento


Reconhecer e privilegiar o entendimento da SIDA enquanto doença crónica, enaltecendo aqueles que afincadamente trabalham para o bem-estar dos portadores do VIH, foi ontem intenção da Fundação GlaxoSmithKline, ao atribuir seis bolsas de investigação, numa cerimónia ocorrida no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, fez saber esta manhã o jornal "Público", pelo que aqui apresentamos um resumo da notícia.

Desde o início dos anos 80 que o vírus se tem alastrado eficazmente pela população mundial, que conta actualmente com mais de 30 milhões de infectados, dos quais, três milhões são crianças, de acordo com estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A descoberta da cura mantém-se por conquistar, mas a ciência tem dado passos largos e velozes, transformando a patologia numa enfermidade crónica, numa doença para toda a vida, onde os portadores não sucumbem directamente à acção devastadora do vírus, desde que tenham acesso às eficazes e cada vez menos tóxicas terapias antiretrovirais, disponíveis nos países industrializados. Prolonga-se a vida, com a maior qualidade possível.

Instala-se o cepticismo na descoberta de uma vacina terapêutica eficaz, na medida em que, a infecção pelo VIH, paralisa a resposta do doente a uma candidata vacina, na medida em que este vive imunologicamente em permanente deficiência. Tenta-se agora agir de outro modo, estudando a possibilidade de restaurar o sistema imunitário, onde as células estaminais poderão ter um papel importante a desempenhar.

A mesma notícia releva a preocupação médica em cuidar da saúde mental dos doentes, na medida em que, sendo a patologia entendida como crónica, os portadores podem viver muitos anos, pelo que é importante e vital aumentar o seu bem-estar fisico e emocional. Factores relacionados com a aplicabilidade de uma nutrição específica, que reduza o aparecimento de complicações cardiovasculares, estão também a ser investigados, na medida em que, se têm mantido esquecidos de estudo aprofundado até então.

As terapias antiretrovirais são as que permitem sustentabilizar a SIDA como doença crónica. No entanto, os efeitos secundários temíveis, onde a lipodistrofia coloca um rótulo directo no doente e prejudica a sua qualidade de vida, quer em saúde, quer em sociedade, representam o lado negro do tratamento. A lipodistrofia caracteriza-se por um emagrecimento acentuado, causado pela perda de gordura subcutânea, no rosto e membros superiores e inferiores, contrastando com o aumento excessivo da gordura a nível abdominal, o que é estigmatizante, pois identifica directamente o doente perante a sociedade, além de lhe causar problemas de saúde associados à redistribuição anormal de gordura.

A notícia refere ainda as particularidades do VIH2, que associado à infecção no mesmo doente também com o VIH1, estabelece uma dupla infecção. Os doentes com VIH2 utilizam apenas as terapias existentes para o VIH1. Portugal é o país da UE com maior número de casos de VIH2 registados (463).

As terapias são aplicadas tendo em conta que cada doente representa um caso individual. É preciso definir o melhor momento para iniciar a terapia, que será, à partida, para toda a vida, visando neutralizar o normal trajecto do vírus e proteger o sistema imunitário, salvaguardando o doente de infecções oportunistas e consequentemente da morte anunciada.

12 comentários:

Odele Souza disse...

Nossa, Paulo, fiquei impressionada com essas informações. Muita coisa do que você escreve aqui eu desconhecia. Mas é isto meu amigo, continue a nos manter informados. A informação é absolutamente necessária para que possamos melhor entender a causa da Sida/Aids.

Um abraço e boa semana.

sideny disse...

paulo
Ade chegar o dia em havera cura ,eu penso assim, mas como eu so toda de pensamentos positivos,temos de ter calma e paciencia.(a tal paciencia)
ja deram um bom avanço, com os medicamentos, ja não tem tantos efeitos secundarios e vão melhorando cada vez mais,
quanto a falta de massa muscular,
e a barrigita grande,etc,etc, espero que qualquer dia haja uns medicamentos que nõa façam isso.
vamos esperar ,temos tempo.(penso eu)
e evitar as doenças oportunistas.
bej

. intemporal . disse...

Odele
Este texto é um resumo de um artigo que saíu hoje num jornal diário, da maior importância no nosso país. Por achar que deve ser partilhado com todos, fiz um pequeno resumo e aqui está, para si também.
Um beijinho e outro... para Flávia.

. intemporal . disse...

Sideny
Fico sempre muito feliz ao ler as tuas palavras e ao sentir a tua força...
Que assim seja e... quando for grande, quero ser como tu.
Beijinho

Maria Dias disse...

OLá Paulo...

Quando ouço falar nos testes da vacina, fico sempre em dúvida(uma pessoa sem estar com o vírus poderia se vacinar? E no caso das pessoas já contaminadas no q adiantaria a vacina?Não seria uma vacina preventiva?).Sobre a lipodistrofia nunca vi ninguém neste estágio, mas já li sobre e me parece muito triste.

Sim Paulo, Já conheço os outros Blogs do Sidadania(notei q tem mais um blog) mas tenho vindo mais aqui, por falta de tempo mesmo, pois tenho trabalhado muito nestes últimos dias e então, só dá tempo de vir por aqui pois já estás linkado.Mas me interesso sim por ler os assuntos que mencionou abaixo inclusive em breve colocarei uma destas histórias no meu blog como lhe falei... muito obrigada por
indicar.

Abraços...

Fatyly disse...

Li o notícia no Público e acho que cada vez mais de aposta na ciência para que possam ir descobrindo novos caminhos de esperança.

Fala-se mal de Portugal e pouco ou quase se ENALTECE quem dá o seu tempo e queima neurónios até à exaustão em prol da sida e outras doenças. Hoje já com mais meios ao seu alcance e de maõs dadas com todos os ciientistas do mundo passo-a-passo vão-se dando passos importantes.

Ninguém está livre de nada e como gostaríamos de "tudo para ontem" mas a vida é assim e há que aguardar vivendo uns dias melhores outros piores, mas aproveitando sempre o lado positivo dos pequenos "nadas" da vida.

Um beijo

. intemporal . disse...

Maria Dias
Estão a ser estudados dois tipos de vacinas. A vacina preventiva que seria utilizada para quem não tem o vírus e a vacina terapêutica que serviria para os portadores do VIH, obtendo-se então a cura para a AIDS.
Brevemente apresentaremos um post onde explicaremos tudo sobre as vacinas, onde entenderá melhor o que se encontra em estudo actualmente.
Um abraço

. intemporal . disse...

Fatyly
Os portugueses, felizmente, não ficam aquém de qualquer povo nesta matéria.
Contamos com profissionais importantíssimos e grandes descobertas acerca do VIH foram também de profissionais do nosso país.
Pena que não tenhamos mais recursos, nesta e em muitas matérias.
Estou certo, que teriamos sempre uma palavra a dizer e capazes de supreender.
Os portadores do VIH são obrigatoriamente assistidos em hospitais públicos, por médicos portugueses e todos os relatos que me chegam referem que os seropositivos estão bem entregues ao médico que os segue.
No meu caso concreto, tenho um médico fabuloso, com uma capacidade ímpar, que faz investigação científica e conhece os medicamentos para o VIH, de uma forma impressionante.

Um Beijo

Eme disse...

Li com atenção. Reli alguns pontos. Penso que ainda se hão de dar descobertas importantes mesmo que o passo para a cura esteja ainda longe; penso que as propriedades mutantes do vírus é que têm atrasado a vacina. Mas uma vez completamente decifrado, não imagino as possibilidades, impedir a replicação do virus penso que já o fazem não é? (os retrovirais). Que raio falta a estes cientistas pergunto-me constantemente.. algo escapa, e a resposta está no código genético. Se bem me lembro,o Homem praticamente combate eficazmente todos os viruses que surgiram na história...


____________

Beijos

. intemporal . disse...

m.

O teu comentário revela uma visão acertada e uma possibilidade plausível para que a cura possa vir a ser uma realidade.

Quanto ao VIH e recordando Álvaro de Campos:

"Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra."

Beijo tatuado em ti, sempre.

Borboleta disse...

Olá Paulo...já regressei!

Informações sobre este e outros assuntos, nunca são demais! Com as mudanças, confesso que não tenho tido tempo, nem para comprar o jornal nem mesmo para ver um pouco de tv.

Acabei por aumentar o meu conhecimento e por acreditar que, Paulo ainda vai chegar o dia em que se vai conseguir controlar este vírus!!

Nunca se perde a esperança principalmente com bases cientificas e com coisas concretas a acontecerem!

Muitos beijinhos

. intemporal . disse...

Borboleta

Confesso que tenho andado preocupado contigo... Sei pelo que andas a passar pois encontro-me na mesma situação.
Entretanto tenho visitado o teu espaço esvoançante e tenho sabido de notícias tuas por lá.
Estou contigo na esperança que depositas para que um dia a cura aconteça, e agora que moramos muiiiitooo mais pertinho um do outro, poderemos festejar esse dia, com a maior alegria do mundo.
Obrigado pela tua visita.
Beijo esvoaçante.