GRIPE A - H1N1
Redução de Riscos - Doenças cardiovasculares e cancro
Dental Dam
O risco de transmissão de VIH através da prática de sexo oral sem protecção parece ser baixo assumindo que não há circunstâncias extremas, como ISTs orais concorrentes, sangramento gengival, cortes ou lesões na boca ou na língua...
Para quem faz sexo oral a um homem a protecção adequada é o uso de um preservativo de sabor mas e nas mulheres?
A resposta á nossa pergunta chama-se dental dam (barreira dental). O dental dam é um quadrado de látex (tamanho aproximado 15x15 cm) que inicialmente foi criado para os procedimentos odontológicos e mais tarde passou a ser utilizado para a prática de sexo oral impedindo que a boca entre em contacto com a vagina e/ou com o ânus durante a pratica de sexo oral evitando assim a transmissão de doenças como o herpes, hepatite e VIH.
O dental dam é fácil de usar, basta retira-lo da embalagem e colocar em cima da vagina com um pouco de lubrificante à base de água na parte que fica em contacto com o corpo para uma maior aderência.
Á semelhança dos preservativos o dental dam não deve ser lavado nem reutilizado.
Existem dental dams de vários sabores: morango, mentol, baunilha, banana,... mas infelizmente em Portugal são difíceis de encontrar à venda.
Uma solução eficaz e segura é cortar um preservativo com sabor (sem espermicida) para evitar o sabor desagradável dos preservativos normais.
Acima de tudo divirta-se mas proteja a sua saúde.
Àlcool e Retrovirais
Fizeram-se estudos para avaliação dos efeitos do consumo de alcool na eficácia da terapia anti-retroviral de grande actividade normalmente denominada pelas siglas HAART/TARGA e também sobre a toxicidade hepática a doentes que tomavam inibidores de protease (IPs),uma classe de medicamentos para o tratamento do VIH um tanto controversa.
De um modo simplista também e para compreensão dos nossos leitores resumo as conclusões desses estudos, sem referir pormenores sobre os mesmos que só a alguns interessam.
Num universo de 110 pessoas que consumiam vinho e cerveja e 55 que bebiam destilados com alto teor verificou-se que havia uma diminuição no tamanho do Timo, glândula que produz os linfócitos T (CD4) bem como uma diminuição nas contagens de células CD4. As mulheres tiveram decréscimos superiores aos homens.
O consumo de bebidas de grau alcoólico elevado foi associado à diminuição da eficácia das terapias TARGA.
O álcool aumenta a toxicidade hepática dos retrovirais da classe IP (Inibidores de protease).
Em analogia às campanhas de “se conduzir não beba” fica em forma figurada a frase “se tomar retrovirais não beba”.
TARGA previne evolução da Hepatite C em co-infectados
A maior parte dos estudos que suportam este facto são anteriores ao aparecimento das terapias anti retrovirais de grande actividade ou tri-terapias normalmente designadas pela sigla TARGA ou em inglês HAART.
Uma equipa de investigadores espanhóis do Hospital de La Paz em Madrid, efectuou um estudo com vista a obter uma visão actualizada sobre a influência das novas terapias TARGA e dos seus efeitos nos pacientes infectados com ambos os vírus.
Os resultados deste estudo foram publicados na Revista AIDS edição de 15 de Maio deste ano, e mostram que as terapias anti retrovirais podem reduzir a actividade necroinflamatória ou seja a morte celular dos tecidos do fígado.
Neste estudo foram avaliadas 119 amostras de biopsias hepáticas a pessoas co-infectadas tendo pelo menos 350 cd4 (Células do Sistema imunitário), as quais não tinham feito qualquer tratamento para o vírus da hepatite C. Metade destas pessoas tinham cargas virais altas de mais de 800.000 cópias para o VHC e cerca de dois terços estavam infectadas com os genotipos 1 e 4, ou sejam os que respondem de forma menos eficaz aos tratamentos.
As biopsias revelaram que 23% tinham fibroses avançadas e 66% esteatoses significativas.
Altos niveis de ALT, presença de esteatoses e fibroses avançadas e uma maior actividade necroinflamatória foram associadas a altos consumo de alccol.
Para despistarem enganos nas conclusões obtidas, relacionaram que nos pacientes que não tomavam a terapia TARGA tinham uma maior actividade necroinflamatória.
É uma boa noticia para os doentes co-infectados e de alguma forma pode-se pensar que o tratamento para o VIH tem benefícios no desenvolvimento da Hepatite C, uma doença que tantas mortes tem causado.
Monoterapia com Atazanovir/Ritonavir
Esta é precisamente a conclusão de um estudo multicêntrico americano publicado na edição de 15 de Março no Jornal de Doenças Infecciosas. Segundo os peritos, uma terapia simplificada com Atazanavir (Reyataz) potenciada pelo Ritonavir (Norvir) pode manter a supressão da replicação do HIV durante um período de 48 semanas, sem que se desenvolvam mutações de resistência aos inibidores da protease.
Os investigadores advertem, que o principal inconveniente das terapias simplificadas, até à data, foi o facto de ter sido experimentado num número de pacientes relativamente pequeno. Concluíndo, este mesmo grupo de investigadores, não recomenda de momento, o uso generalizado desta estratégia terapêutica. Deveria-se esperar, que se leve em consideração, ensaios clínicos de distribuição aleatória de maior dimensão.
Fonte: Grupo de Trabalho Tratamentos
Tradução e Resumo: Pedro Serrano
INIBIDOR DE MATURAÇÃO DO HIV
A ter sucesso poderá ser mais uma arma no combate ao HIV, que tanta falta nos faz.
A maturação viral é a última etapa na replicação do vírus na célula hospedeira que foi infectada, incluindo o processamento de proteínas vitais que o tornam capaz de infectar novas células. Se este processo de maturação for bloqueado com sucesso o novo vírus não tem capacidade infecciosa e consequentemente não conseguirá reproduzir-se de novo.
É mais uma barreira à replicação viral evitando assim a destruição do sistema imunitário através da cadeia de reprodução que acontece sempre que os novos vírus deixam as células cd4 que infectaram e de cuja maquinaria genética se aproveitaram para uma vez maduros infectarem novas células.
Embora o desenvolvimento do medicamento esteja a ser problemático, devido ao facto que nos ensaios anteriores acontecia em certas pessoas ser extremamente eficaz na redução de cargas virais, enquanto que noutras infectadas por vírus com certos padrões genéticos polifórmicos, o medicamento era ineficaz.
Pensa-se numa nova formulação do medicamento, no entanto nas pessoas cujo vírus é sensível ao fármaco ele demonstrou ser bastante potente no combate ao vírus.
A Myriad, companhia que comprou os direitos para continuar a desenvolver a molécula , está a desenvolver também um teste algorítmico genótipico que poderá predizer a resposta do fármaco aos diversos sub-tipos de vírus, evitando assim o seu uso indevido em doentes não respondedores.
Nevirapina-Uma toma diária
A Nevirapina é um medicamento Não Nucleósido Inibidor da Transcriptase Reversa, muito usado nas terapias anti retrovirais TARGA, de primeira linha e foi aprovado pela EMEA, para ser utilizado em duas tomas diárias de 200 mg.
Estudos recentes comprovam que este medicamento pode ser tomado uma vez ao dia com uma dose de 400 mg, mantendo a sua eficácia na supressão da replicação viral.
Um dos requisitos, para tomar o medicamento uma vez ao dia é que o organismo do doente o tenha tolerado bem nas duas tomas diárias durante um período de 12 a 18 semanas.
Consideram os especialistas que efectuaram estes estudos que é seguro administrar o medicamento uma única vez ao dia.
No estudo a toxicidade hepática e o aumento do ALT/AST de grau 3 ou 4, verificaram-se que 97,4% das pessoas que tomavam medicamento uma vez ao dia, e 99,3% das pessoas que o tomavam duas vezes ao dia, não sofreram aumentos de grau 3 ou superior.
Ensaios clínicos anteriores como o SCAN ou o VIRGO, concluíram que não havia diferença no que diz respeito à toxicidade hepática na toma única diária em relação a duas tomas diárias.
É mais um passo em frente no que diz respeito à simplificação das terapias antiretrovirais em terapias que incluem este medicamento e que são desejáveis para uma melhor adesão por parte dos doentes.
Estratégia Eficaz na Transmissão do VIH
O risco de transmissão do vírus é muito baixo em relações heterossexuais, quando as pessoas são tratadas e têm cargas virais indetectáveis estabilizadas por períodos superiores a seis meses.
Estudos realizados ao longo de vários anos verificaram que a taxa de transmissão é de 0,46 por cento/ano em casais sero-discordantes em que a pessoa infectada tem a carga viral indetectável. Fizeram também estudos com pessoas com cargas virais até 400 cópias por mililitro de sangue e neste caso a percentagem subiu para 1,27 por cento.
Caso curioso e relacionado com notícias recentes, é que em relação à gripe A (suína) onde apareceram em todo o mundo cerca de cem casos as pessoas entraram em pânico e houve uma corrida às máscaras esgotando os stocks das mesmas. Diariamente há 16.000 novas infecções pelo HIV e as pessoas continuam a não usar o preservativo e os meios de comunicação não falam sobre o assunto.
O acesso à terapia anti-retroviral e uma boa adesão por parte das pessoas infectadas, pode vir a ser uma boa estratégia para o controle do vírus e é necessário que esse acesso seja estendido a todos os países do mundo pois a circulação de pessoas é um factor importante para a disseminação do mesmo.
Outro factor importante a referir e uma vez que estes estudos se referem apenas a relações heterossexuais é considerar o tipo de sexo praticado. Sabemos de há muito que o risco é mínimo quando falamos de sexo oral, contudo parece ser tabu falar de sexo anal em relações heterossexuais. Certo é que muitos casais o praticam e temos de falar dele abertamente, pois isso poderá contribuir para se tirarem conclusões, pois poderá acontecer que mesmo na pequena percentagem de transmissão do vírus em pessoas com cargas virais indetectáveis ele seja significativo.
Pequenos passos dados para o conhecimento da transmissão do vírus, poderão ser importantes numa maior liberdade sexual entre casais e fazer a felicidade daqueles que se amam e que por causa de medos que podem ser infundados nunca consolidarem uma união.
A pouco e pouco o HIV deixará de ser um prenuncio de morte e a sociedade começará a deixar de ver as pessoas infectadas como potenciais portadores de uma arma letal a qual por medo ou ignorância leva ao estigma e à exclusão social daqueles cujo único crime foi fazerem o que todos fazem, mas que tiveram o azar de ficar infectados.
Redução das Doses Terapêuticas
Algo pertinente e que se está a estudar actualmente graças a investimentos feitos nesta área através do programa de investigação ENCORE (Avaliação de novos conceitos de optimização da eficácia dos retrovirais) é a redução da quantidade de medicamentos tomados pelos pacientes sem que esta afecte a eficácia dos mesmos em relação à supressão da replicação viral.
Existem indícios de que certos medicamentos antiretrovirais tais como o Efavirenz, zidovudina (AZT), lamivudina (3TC), atazanavir e Kaletra, poderiam manter a mesma eficácia utilizando doses mais baixas.
A Universidade de Nova Gales do Sul na Austrália, está a efectuar ensaios clínicos com vista a demonstrar que doses mais baixas são tão eficazes como as doses actualmente em uso.
Para além das vantagens económicas para os governos, que com doses mais baixas poupariam milhões na compra de medicamentos, uma menor toxicidade iria certamente dar mais qualidade de vida aos doentes e reduzir os riscos de desenvolvimento de novas patologias hepáticas, cardíacas, renais entre outras.
O programa de investigação ENCORE está a inscrever pacientes na Europa, Ásia, Austrália e América e seguirá os pacientes durante 96 semanas, esperando-se resultados em 2013.
Os estudos ENCORE 2 e 3 avaliarão os perfis fármaco cinéticos das doses reduzidas em voluntários não infectados pelo HIV e os resultados dos mesmos servirão para avaliar se vale a pena continuar a investigação e efectuar ensaios clínicos com um número maior de participantes infectados com o HIV.
Estes estudos são desejados e bem-vindos e esperemos que às organizações não governamentais que financiam estudos como este, se juntem os governos de todo o mundo num esforço para encontrar soluções que visem uma optimização dos tratamentos e possam levar eventualmente os investigadores a qualquer descoberta inesperada.