QUANTOS SOMOS?


Li algures que Portugal parece ter um complexo em querer estar sempre acima dos outros naquilo que é mau.Eu diria que o nosso grande problema é uma desorganização total e uma falta de profissionalismo em quase todas as áreas. Devemos ter menos de 30.000 infectados com o VIH, dizem as estatísticas mas o certo é que ninguém sabe o número exacto de infectados. Se quisermos saber o numero exacto de pessoas infectadas fazendo o tratamento retroviral ou de novos infectados o panorama é semelhante ninguém sabe.

Pergunto-me se os retrovirais, dados aos doentes são comprados na “Candonga” pelo estado e se não há registos dessas compras. Não terão as farmácias hospitalares um registo do numero de doentes que levantam medicamentos para o VIH? Com uma margem de erro muito pequena (originária na medicação dada a doentes internados), poderíamos saber quantos doentes fazem a medicação, penso eu.

Não queremos saber e apenas se falam em números como que para impressionar os interlocutores e mostrarmos que temos tudo controlado se bem que esses números não expressem absolutamente nada isto se para os considerarmos certos lhes atribuirmos os valores reais aprendidos nos primeiros anos de escola.

Recentemente foi noticiado, que o Hospital Amadora Sintra tinha cerca de cinco novos casos de doentes HIV/SIDA diariamente. A noticia teve tanto impacto que a Coordenação Nacional para a Infecção pelo VIH, ficou com os cabelos em pé e pronunciou-se sobre estas declarações achando-as contraditórias.

Afinal onde está a verdade? São reportados cerca de 200 novos casos ano e estima-se que iniciem a terapêutica retroviral 120 pessoas ano.

Em 2009 (até há uns dias atrás) ainda não tinha sido reportado um único caso. Será que baseados nesta constatação poderão afirmar que as novas infecções acabaram em Portugal? Acho que isso não seria tão grave e nos daria um certo orgulho, do que falarem em números catastroficamente elevados como o fizeram.

Pede-se rigor na informação que é noticiada oriunda de [ir]responsáveis dos serviços de saúde, que em nada servem a comunidade de pessoas que infectadas ou afectadas se preocupam com o alastramento da pandemia.

Pede-se que haja responsabilização daqueles que noticiam sem verdade causando um alarmismo em nada benéfico para aqueles que vivem a SIDA todos os dias de suas vidas, quer por estarem infectados ou afectados e que trabalham para desmistificar a doença em si e para prevenir o seu alastramento.

Não sabemos ao certo quanto somos, mas somos muitos. É importante sabermos com uma margem de erro mínima quantos somos. É igualmente importante sabermos com rigor quantas novas infecções estão acontecendo ano após ano, e as fachas etárias onde as novas infecções estão acontecendo, para dirigirmos o esforço na prevenção para essas populações.

Certamente não será por falta de meios financeiros que esse trabalho não é feito, mas sim por uma preguiça crónica dos responsáveis por essa informação, ou por um sistema burocrático demasiado complexo nas notificações a fazer o qual devia ser simplificado.

Afinal , quantos somos e quantos mais se juntarão a nós durante este ano? Eu não sei, o leitor também não e se nos basearmos na informação disponível e credível, facilmente poderemos concluir que ninguém sabe. Uma coisa é certa e poderei afirmar com verdade “SOMOS MUITOS” e é desejável que quantos menos se juntarem a nós ,tanto melhor para todos.

3 comentários:

Fatyly disse...

Focas um dos mais graves problemas deste país: a falta de rigor, veracidade e credibilidade nas estatísticas a todos os níveis.
Pelo muito que já li e conversei, este governo a nível da saúde
só interessa mostrar o que convêm.

Há bem pouco tempo estive a falar com alguém mais entendido na matéria que me disse algo que me deixou a pensar, mais ou menos assim:
a contabilização só poderia ser real se se fizesse o rastreio obrigatório (que gararia grande polémica tal ocorreu em Cuba e outros países) a toda a população, já que os possíveis contabilizados a maioria estão de passagem.
Passagem?
Sim, sim... e aí focaram as ex-colónias e alguns países europeus.
Será?
não sei Raul, mas fiquei ainda mais confusa, porque se vêm cá (e não são tão poucos como isso) tratarem-se de algo e descobrem a seropositividade o registo será feito cá ou lá?
Também me disse que é assustador o aumento do nº. de infectados(as) dos 50 aos 80 anos!

Ai meu amigo nem imaginas como adorava ainda poder assistir à cura ou vacina deste desgramado virús.

Um abração

SILÊNCIO CULPADO disse...

Raul

Quantos somos? Quantos somos tanta coisa!... Alguém sabe, com propriedade, quantos são realmente os sem-abrigo, os traficantes, os toxicodependentes, as prostitutas, os tuberculosos e tantos outros? Tudo o que acontece marginalmente é sempre, não direi mal estudado, mas pouco transparente nas estatísticas oficiais. Os índices de desenvolvimento são frequentemente melhorados não tanto pelas realidades objectivas mas pela habilidade no cruzamento e interpretação dos dados.
Relativamente ao HIV não consigo descortinar a fronteira entre a liberdade individual e a obrigatoriedade de saber ou informar se se é ou não seropositivo.
No entanto, e apesar das tuas apreensões, sinto-me um tanto ou quanto optimista em relação aos progressos com vista ao combate à pandemia. Acho que um dia destes vamos acordar com a noticia da vacina e da cura.
Hoje tirei do Portugal Diário a noticia que a seguir transcrevo.

"Investigadores da Universidade de UC Davis, na Califórnia, e da escola de medicina Mount Sinai, em Nova Iorque, filmaram pela primeira vez a propagação do vírus HIV. Os cientistas descobriram que o vírus se transfere das células infectadas para as saudáveis de uma forma que anteriormente não era conhecida.

Espera-se que a descoberta seja um passo importante para a criação da vacina de combate ao vírus, responsável pela morte de mais de 25 milhões de pessoas.
Os especialistas desenvolveram um clone de uma molécula do vírus e inseriram uma proteína no seu código genético que altera a sua cor para verde quando exposta a luz azul. Isto permitiu aos cientistas detectar as células ao visionar o vídeo e captar o modo como as células infectadas interagem com as saudáveis.
Repararam que quando uma célula infectada entra em contacto com uma saudável é criada uma ponte entre elas, a que dão o nome de «sinapse virologica». Foi observado que o verde fluorescente das partículas virais, se transferia através da sinapse para as células saudáveis. O estudo americano entrou em novo terreno ao perceber que é através da sinapse que o vírus passa para as células não infectadas.
A equipa de cientistas acredita que esta descoberta pode abrir caminho para desenvolvimento de novos tratamentos para o VIH/Sida.
Dr Thomas Huser, autor do estudo e cientista chefe do «UC Davis Center for Biophotonics Science and Technology», afirmou que «estas descobertas podem explicar o porquê das tentativas para desenvolver uma vacina para o VIH, até a momento, saírem fracassadas». Acrescentou ainda, que «quanto mais soubermos acerca do modo de propagação, maiores são as hipóteses de descobrirmos a forma de bloquear o VIH e a Sida».

Raul, a cura está a um simples passo. Vamos aguardar (e comemorar) que ela aconteça.


Abraço

Alexa disse...

Raul
Amigo
é assim neste país à beira mar plantado a falta de rigor impera.
Não se sabe o numero de infectados com HIV.
Não se sabe o número de toxicodependentes.
Não se sabe o numero de infectados com HVC.

O que será que não sabemos mais , com certeza muitas coisas realmente importantes.

A vacina , a cura para o HIV não vamos ser pessimistas nem optimistas demais.

Vamos só torcer para que tu e eu ainda estejamos por cá para a podermos comemorar .

beijos cheios de esperança