Dentro de Portugal ou no estrangeiro? Em negócios ou em lazer? Quando viaja poderá arriscar-se a estar em contacto com gérmens que geralmente não se encontram em sua casa. Muitos desses gérmens podem causar doenças mais ou menos graves.
Viajar poderá ser arriscado para a saúde das pessoas que têm necessidades especiais. Se é portador do VIH - o vírus que causa a SIDA - deve saber algumas coisas nestas circunstâncias. Viajar, especialmente para países em vias de desenvolvimento aumenta o risco de contrair infecções oportunistas (chamam-se oportunistas porque a pessoa adquire a infecção quando o sistema imunitário está debilitado). O melhor que pode fazer é conhecer bem os riscos e tomar medidas para se proteger.
Antes de viajar
Fale com o seu médico assistente na área do VIH/SIDA sobre os riscos para a sua saúde em deslocar-se ao local que pretende visitar. Ele dir-lhe-á como poderá manter-se saudável quando viajar. Também pode aconselhá-lo a visitar alguns lugares que sejam mais seguros do que aqueles que pretende visitar. Pergunte-lhe se conhece serviços médicos que tratem pessoas com VIH na região para onde pretende ir. Faça previsões sobre os problemas que poderão aparecer.
A diarreia do viajante é um problema frequente. Leve consigo antibióticos para tratar a diarreia em quantidade suficiente para 3 a 7 dias. O medicamento mais usado é a Ciprofloxacina. Se estiver grávida pode estar recomendado em alternativa o TMP -SMX (trimethoprim-sulfamethoxazole).
As doenças infecciosas transmitidas por insectos são um importante problema em muitas regiões. Leve um repelente de insectos que contenha pelo menos 30 por cento de "Deet". Em regiões onde haja malária ou dengue durma com mosquiteiros de preferência que sejam tratados com permethrin. Não vá a locais onde haja febre amarela, a não ser que precise obrigatoriamente de o fazer.
Pergunte ao seu médico se precisa de tomar algum medicamento ou levar alguma vacina antes de viajar. O médico irá dizer-lhe quais são as vacinas seguras. E poderá informá-lo da melhor forma de se proteger contra a malária, a febre tifóide e a hepatite. Verifique se tem todas as vacinas de rotina em dia. Isto é sobretudo importante para as crianças infectadas pelo VIH que viajam.
Se vai sair de Portugal verifique se os países para onde vai têm normas especiais de saúde para os visitantes. Estas normas podem incluir vacinas que podem não ser seguras para as pessoas infectadas com o VIH. O seu médico poderá ajudá-lo nisso.
Se tem um seguro de saúde verifique se as cláusulas da apólice cobrem riscos quando estiver no estrangeiro. Muitos planos de seguros de saúde têm benefícios limitados fora do país. Existem planos que cobrem o custo de ser repatriado se estiver gravemente doente. Assegure-se que a sua documentação está correcta e não se esqueça de levar a prova do seu seguro de saúde ou outra.
Quando viajar
A comida e a água dos países em vias de desenvolvimento podem não ser tão "limpas" como em sua casa. Podem conter bactérias, vírus ou parasitas causadores de doenças.
Não coma frutas e legumes frescos que não tenham sido descascados por si mesmo, carnes ou mariscos crus ou pouco cozinhados, produtos lácteos sem serem pasteurizados ou qualquer tipo de alimentação adquirida em vendedores ambulantes. Não beba água da torneira, bebidas elaboradas com água da torneira, gelo feito com água da torneira ou leite sem ser pasteurizado.
Os alimentos e a água que são seguros são os que estão nos alimentos fervidos, frutas descascadas, bebidas engarrafadas, café ou chá quente, cerveja, vinho e água que deverá ferver durante um minuto. Se não pode ferver a água, deve filtrá-la e tratá-la com cloro e iodo mas este método não é tão eficaz com ferver a água.
A tuberculose é muito comum em todo o mundo e pode ser muito grave para pessoas infectadas com o VIH. Evite hospitais ou clinicas onde tratem este tipo de doenças. Ao voltar a Portugal peça para fazer um teste de despistagem à tuberculose.
Em muitos locais os animais podem deambular com maior facilidade do que na região onde vive. Se suspeitar que animais possam ter deixado excrementos nas praias ou noutros lugares use calçado ou roupas para se proteger e sente-se sobre uma toalha para evitar o contacto directo com a areia ou o chão.
Pode ficar doente se engolir água ao nadar. Nunca deve nadar em água que possa conter pequenas quantidades de águas residuais ou excrementos de animais. Para estar seguro que se vai divertir na sua viagem proteja a sua saúde (e a dos outros) do mesmo modo como faria em casa.
Tome todos os medicamentos do modo como se encontram prescritos pelo seu médico, sem quaisquer falhas.
Se o seu médico lhe tiver prescrito uma dieta especial, queira cumpri-la.
Tome as mesmas precauções que tomaria na sua casa para não contagiar outras pessoas com o VIH.
Boa Viagem e... Boas Férias!
22 comentários:
O Paulo...
Sim, não sou uma pessoa preconceituosa.Me preocupo com este vírus e me interesso por ler sobre.Torço para q em breve encontrem a cura...Mas enquanto não se encontra percebo q as pessoas tem bem mais qualidade de vida que há 20 ou 10 anos atrás...E acredito q isto já é uma vitória.
Estou impressionada com o cuidado com que trata o conteúdo de seu blog.Com as orientações e com a seriedade do blog.Parabéns por este blog,q além de ajudar é tb muito gostoso de se ler...
Paulo...
Bem estava aqui a ler mais textos do blog e me deparei com o testemunho abaixo de um rapaz infectado.Gostaria de saber se posso publicar este texto no meu próprio blog com o intuito de orienta tb divulgar o seu...Percebo q tens muito a ajudar.Aguardo retorno!
Nunca é demais todos estes teus avisos para quem esteja infectado mas também para quem não o esteja.
Parabéns pelo post!
Beijos
Adorei o teu post!
A realidade é que se infelizmente alguém está infectado, não deixa de direito a ter vida e a conhecer novos locais!!
Estes teus avisos nunca são de mais relembrar e servem para mostrar que a cima de tudo dá para seguir em frente, aumentar o nosso sonhecimento e serve também para que as pessoas não se fechem!
Tu és um exemplo a seguir! Continua a lutar e a viver!
É verdade, a Kuka está a recuperar super bem! Se tudo correr bem na sexta feira deixa de usar o "abajour" no pescoço.
Beijinhos e obrigada pelo teu carinho!!!
paulo
muito bom o post, parabens
esses sao os cuidados que todas as pessoas devem ter quando vao de ferias.
ah--boas ferias para ti
abraco
Maria
Não ser preconceituosa é um caminho aberto para ser feliz em pleno. Os meus parabéns.
Todos desejamos cura para a infecção pelo VIH. De facto, actualmente é mais fácil viver com a infecção, graças aos avanços rápidos da Medicina.
No Sidadania somos tal qual somos, nem mais, nem menos. Ficamos muito felizes por gostar de nos ler.
É um acto de grande humanidade pretender publicar no seu blog o testemundo de um infectado. Publique com a maior brevidade. Ajudará decerto muitas pessoas a terem um exemplo real e a protegerem-se. Fico muito feliz com a sua iniciativa. Passarei no seu blog, para comentar, assim que publicar este testemunho.
Um beijinho e obrigado por ser quem é.
Fatyly
Efectivamente todos estes avisos servem para todas as pessoas, especialmente as que pretendam deslocar-se a países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.
Antes de saber que estava infectado estive em Cabo Verde e corri riscos acrescidos devido à água que é consumida naquele país.
Obrigado pela visita e faço votos de uma construção rápida e brilhante da nova cubata a instalar num país "desenvolvido" :)Abraço
Borboleta
Os seropositivos podem e devem viajar... Usufruir da vida, como todas as pessoas.
Pessoalmente viajo sempre que posso. Só não viajo mais, ou porque as férias não chegam, ou porque o dinheiro não abunda... :)
Estes avisos visam informar as pessoas, de modo a evitarem complicações de saúde, desnecessárias, tendo os devidos cuidados.
Servem para todas as pessoas, seropositivas ou seronegativas.
Nas pessoas seropositivas o cuidado deve ser redobrado, apesar de existirem muitas pessoas positivas que têm o sistema imunitário em perfeito estado, ou porque não evoluem na doença rapidamente ou porque tomam os medicamentos e o sistema imunitário deixa de ser destruído pelo VIH.
Fico muito feliz pela KUKA... Vai sentir-se super confortável quando se livrar do abajour...
Quando puderes faculta-me o teu email e mando-te fotos da minha SIRI.
Beijos esvoançantes e o meu carinho é totalmente retribuido com o teu...
Sideny
Obrigado pela visita.
Tome bem nota destes conselhos, pois são para si também... Ainda não vou de férias... mas hei-de ir, em Agosto. Mas... até lá, ainda nos conheceremos pessoalmente. Terei o maior gosto nisso.
Abraço
paulo
vou tomar nota dos seus conselhos.
tambem adoro viajar.estive em africa do sul 2 meses fui la passar o natal e o ano novo.
ca em casa todos viagao,o meu filho entao quando pode ai vai ele
viagens longas e com ele esteve na australia 3 meses ,e vicio ca de casa.
viajar faz bem abre a mente ver novas culturas novos paises.
paulo
e so marcar o encontro la estarei.
Olá Paulo... viajar em segurança queres tu dizer...
e sempre todos os cuidados são poucos... eu estou pouco original... ando apressadinha e cansada. vá cuidados e só coisas felizes e beijinhos das nuvens
Paulo, aqui fica o meu mail, se quiseres adiciona no teu msn.
monicacfreitas1@hotmail.com
Beijinhos
F@
Como sempre fico HIPER FELIZ com a tua visita.
Desejo que brevemente consigas superar o cansaço e que tenhas uma vida mais calmita.
Sempre que puderes dá uma espreitadinha aqui, para eu saber que estás bem.
Passo sempre pelo teu blog... para te "ver".
Beijinho nas nuvens.
Borboleta,
Obrigado por me disponibilizares o teu email. Ainda hoje, mando uma mensagem.
Beijo esvoaçante.
Sideny
Viajar é viver e enquanto puder viajarei sempre.
Brevemente entro em contacto consigo para lancharmos juntos. Pedirei o contacto ao Raúl.
Abraço
Viajar. Tenho saudades de viajar.
Viajar é conhecer outros mundos, outras culturas, outras pessoas...
Viajar, faz um bem enorme.
Parabéns Paulo pelo post, muito útil por suas informações e esclarecimentos preciosos.
Um beijo pra ti.
Paulo
Estava a ler-te e a pensar: por pouco não deixei os ossos em Cabo Verde. E tudo isto porque depois d epercorrer Santo Antão e S.Vicente cheguei ao Sal numa hora de calor tórrido. Tinha alugado uma cabana paradisíaca junto ao mar na rede Belohorizonte. A minha cabana era a uma considerável distância da recepção. Caminhei sob o sol abrasador atrás do empregado mas quando cheguei ao lugar de sonho o frigorifico não tinha uma bebida sequer nem mesmo água neste belo complexo de 4 estrêlas. Bebi só um bocadinho de água da torneira antes de obter água engarrafada. Vomitei, fiquei com febres altas e diarreias e não havia médicos nem medicamentos no hotel. Valeu-me um alemão que ia prevenido com uns comprimidos.
No Egipto aconteceu uma situação parecida e por incrível que pareça com a mulher dum médico.
Todo o cuidado é pouco e não é preciso ser portador de HIV.
Beijos
Odele
Viaje até Portugal logo que possa, com a promessa que viajarei até ao Brasil também...
A amizade existe, de ambos os lados do oceano atlântico.
Um beijinho para si e outro... do tamanho do mundo para Flávinha.
Lídia
Estive também em Cabo Verde, na Ilha do Sal e na rede Belo Horizonte. Foi a última viagem que fiz antes de saber ser seropositivo. Naquela altura, tinha já o sistema imunitário muitissimo destruído e por sorte que nada me sucedeu em Cabo Verde, caso contrário seria muito problemático. Agora, que me encontro bem melhor em termos de saúde poderia voltar sem problemas, mas relativamente a outros países africanos onde existe a febre amarela, a malária, etc. não é de todo aconselhável em permanecer por lá.
Beijinhos.
Oi Paulo...
Olha muito obrigada pelas palavras sempre ternas.Mas de longe percebo q és sim uma pessoa muito sensível e educada...Olha, vou publicar em breve o testemunho do rapaz e gostaria muito q vc próprio passasse por lá e desse o teu próprio testemunho...Aproveito para colocar o meu blog a disposição sempre q precisar.
Obrigada!
Super beijos
Maria
olá paulo,
quero em primeiro lugar felicitar-te pela tua coragem e pela qualidade do teu trabalho que, certamente ajuda muitas pessoas.
a minha identidade aparece no sidadania I co mo "caca", mas o meu nome verdadeiro é carla. Enviei-vos a historia do meu marido, que há cerca de 2 meses e meio descobriu ter hiv positivo. eu, até à data, estou negativa.
mesmo assim, não deixo de ler os vossos textos, inicialmente do R.Rudoxis, a quem aproveito para agradecer todo o apoio que me tem dado e todos os esclarecimentos que me envia sempre que lhe solicito.
Queria deixar um comentário relativamente a descriminação social e ao estigma a que os seropositivos estão sujeitos.
É, infelizmente uma realidade, uma vergonhosa certeza com a qual os portadores do virus tem de viver.
É, também, vergonhoso que isto se passe dentro do grupo de profissionais de saúde, ao qual pertecemos eu e o meu marido.
Já ouvi colegas de trabalho referirem-se ao hiv como uma "piada", como se fosse algo como os piolhos que só os "porcos"apanham. provavelmente não utilizei as palavras mais belas, mas foi as que encontrei para explicar o que ouvi.
Foi nessa altura que tive a certeza de que não podiamos contar a ninguem do hospital a situação delicada em que nos encontramos, pois perante esta atitude, tudo seria de esperar.
Já vi colegas serem despedidos por trazerem brincos nas orelhas, portanto, é certo que ser portador de hiv, é, aos olhos da chefia, mais que suficiente para um despedimento.
Há 4, 5 meses atrás, devo admitir, que também eu via o hiv como uma doença dos que recorriam a prostitutas, dos toxicodependentes, dos homossexuais, etc... mas como algo distante de mim, que não pertenço aos incorrectamente chamados "grupos de risco". o hiv era uma realidade à parte da minha, algo que nunca me iria acontecer porque sempre tive "bons" comportamentos...
Até saber que o meu marido foi infectado, não sei como, ou, embora inconscientemente saiba, o meu EU interior não quer nem pode saber, para minha própria sanidade mental.
Não vale a pena dizer-vos como foi que me senti, porque a maior parte dos que lerem este texto, sabem exactamente qual foi a sensação.
Sou mais um dos casos que perdoou, pois ainda estou com forte probabilidade de estar também infectada. Mesmo assim, nem por um segundo questionei se queria ou não continuar com o meu marido.
se ele tivesse um cancro, se tivesse diabetes, se tivesse problemas cardiacas ou outro tipo de doença crónica e com mau prognostico, eu não iria abandoná-lo. porque o faria por ter hiv?
É dificil conviver com isto, foi muito complicado ter de reconhecer que afinal o hiv anada a solta nas ruas e que a qualquer momento pode "caçar" qualquer um de nós, como se fosse um cruel predador que não escolhe vitimas.
Apesar de toda carga social negativa que o hiv tem, na realidade é uma doença crónica, que tal como muitas outras, reduz a qualidade de vida da pessoa, a qual fica sujeita a uma série de tratamentos para o resto da vida. o problema da sida é o nome que tem. que faz com que as pessoas a vejam como sendo uma setença de morte apenas pelo nome. se se chamasse "jiplose", certamente já não seriamos tao descriminados.
por outro lado, existe muita falta de informação acerca do hiv.mesmo entre os profissionais de saúde. eu aprendi mais sobre hiv nos ultimos meses, do que em 4 anos de curso. Isto é vergonhoso mas é verdade.
felizmente há pessoas como o paulo e o raul, entre outras mais, que se dedicam a esclarecer e a lutar para que outros sofram menos.
a todos eles, muito obrigado.
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