INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS

O uso concomitante de medicação e drogas recreativas, tratamentos de substituição na dependência de opiácios, fitoterapia e inclusivé, alguns alimentos, podem produzir alterações na quantidade ponderal do fármaco antirretroviral admnistrado. E pelo contrário, os medicamentos antirretrovirais podem ter repercussões nos níveis de outros fármacos e/ou substâncias activas que são admnistradas simultâneamente. Este tipo de acção recíproca é apelidada de interacção. Ter um conhecimento das interacções farmacológicas é de uma importância vital, para que se assegure o efeito desejado com a terapia antirretroviral.
As interacções entre medicamentos associados à TARGA continuam a aumentar como consequência de novos fármacos e terapias TARGA mais complexas, bem como do aumento de patologias relacionadas com a idade que requerem outro tipo de medicação.
A identificação, resolução e prevenção das interacções medicamentosas entre fármacos, são factores importantes para o manuseamento clínico dos pacientes com HIV que seguem um tratamento, visto que poderiam prevenir um fracasso terapêutico e um processo de toxicidade. No XV Encontro de Associação Inglesa do HIV (BHIVA 2009), realizado em Abril em Liverpool [Reino Unido], foram apresentados os resultados de um estudo que avalia a prevalência das interacções medicamentosas entre fármacos nos pacientes que fazem parte do estudo Suiço do HIV.
Os investigadores analizaram com detalhe, durante 3 meses, a medicação que estava a ser admnistrada aos pacientes desse grupo, com a finalidade de detectar interacções potenciais entre fármacos. Para isso, utilizaram a base de dados da Universidade de Liverpool, uma das mais completas e conhecidas sobre as interacções medicamentosas e farmacológicas no tratamento da infecção por HIV.
A análise incluí as prescrições médicas de 771 pacientes que recebiam tratamento para o HIV. Os protocolos antirretrovirais baseavam-se, principalmente, nos inibidores da protease (41%) e nos não análogos de nucleóside (39%), sendo o Tenofovir e a Emtricitabina o conjunto análogo de nucleósido/nucleótido mais utilizado (38%).
Um total de 516 pessoas estavam a receber, simultâneamente, outra medicação diferente da TARGA, das quais se verificou em 337 uma interacção medicamentosa: em 11 (2%) a interacção foi classificada de universo vermelho, o que significa que existia uma contra-indicação, e por consequência, não se poderiam utilizar os fármacos em conjunto; em 333 (65%) como universo laranja, o que implicaria uma potencial alteração e reajuste da terapêutica e consequentemente da dose ponderal.
Em 35 participantes (7%) produziram-se interacções entre fármacos antirretrovirais, e em 316 (61%) as interacções ocorreram entre a TARGA e outros medicamentos prescritos para outras patologias. No último cenário as interacções implicaram principalmente o uso do Atazanvir/Ritonavir (21%) [Reyataz], Lopinavir/Ritonavir (22%) [Kaletra] e Efavirenz (26%) [Sustiva, e um co-formulado com Tenofovir/Emtricitabina no Atripla] em conjunto com Metadona (14%), medicação cardio-vascular ( sobretudo beta-bloqueadores e inibidores do canal de cálcio; 13%), estatinas (20%) e medicamentos para o sistema nervoso central (especialmente inibidores selectivos de aproveitamento dos níveis de serotonina [ISRS] e benzodiazepinas; 23%).
Um total de 16 indivíduos (35%) desenvolveram uma interacção medicamentosa que poderia ter reduzido a concentração do princípio do fármaco antirretroviral em questão. Os resultados da análise multivariável demonstraram que as pessoas de mais idade apresentavam mais probabilidades de receber uma medicação diferente da do HIV.
Os factores de risco independentes para desenvolver uma interacção foram a admnistração endovenosa ou intra-muscular. Não foi observada nenhuma associação entre interacções medicamentosas e um fracasso virológico.
Concluíndo, os investigadores relevam que as interacções clinicamente significativas associadas a uma TARGA são habituais e que por este motivo, os médicos especialistas em HIV deveriam utilizar e conhecer as alternativas actualizadas, como por exemplo a base de dados da Universidade de Liverpool, o que lhes permite identificá-las a tempo na prática clínica.
Fonte: Grupo de Tratamentos para o HIV
Tradução:P. Serrano

PROFILAXIA PrEP

Desde meios da década de noventa, a terapia anti-retroviral altamente activa (HAART), uma combina­ção de vários medicamentos anti-retrovirais (ARVs) para tratar infecções pelo VIH, começou a resgatar indivíduos infectados pelo vírus que tinham poucas esperanças de tratamento. Mesmo assim, esta é apenas uma parte do papel crucial que os ARVs, quer seja isoladamente ou em combinação com outros tratamentos, têm desempenhado na luta contra o VIH.
A administração de rotina e no momento indicado de terapia com ARVs a mulheres grá­vidas infectadas pelo VIH e a seus bebés é alta­mente eficaz para evitar que os bebés contraiam o VIH. Existe também a possibilidade de que os ARVs bloqueiem a infecção em adultos quando tomados logo após uma exposição ao VIH, um conceito conhecido como profilaxia pós-exposição (PEP).
Considerando estes exemplos, não é de sur­preender que os pesquisadores estejam investi­gando se a administração de ARVs antes da exposição ao VIH, um conceito conhecido como profilaxia pré-exposição (PrEP), também pode vir a ser uma ferramenta de prevenção eficaz. Um volume cada vez maior de dados pré-clínicos revela que a administração de certos ARVs con­segue bloquear com eficácia a infecção em mode­los animais. Estes dados causaram bastante empolgação quanto ao potencial da PrEP e exis­tem agora vários estudos clínicos de grande porte em andamento ou em planeamento cuja finalidade é testar se esta estratégia também pode funcionar em seres humanos.
Caso estes testes produzam resultados pro­missores, a PrEP poderá ser adicionada ao arsenal de estratégias de prevenção do VIH que, apesar de anos de pesquisa, ainda giram, em grande parte, ao redor do uso de preservativos, abstinência sexual e programas de troca de seringas. A circuncisão masculina, a mais recente intervenção biomédica contra o VIH, revelou reduzir o índice de infecção pelo HIV em até 65% em homens heterossexuais, mas devido a factores logísticos, culturais e religiosos, apenas um punhado de países, até agora, adoptou políticas que recomendam este procedimento cirúrgico para a prevenção do VIH.
Para assegurar que a PrEP, se determinada eficaz, não tenha um destino semelhante, activistas em prevenção do HIV estão começando a considerar os desafios significativos, tanto médi­cos como logísticos, que precisarão ser supera­dos para implementar com êxito a PrEP. Os governos e os órgãos de saúde pública, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), que geralmente fazem recomendações adoptadas por muitos países em desenvolvimento, precisarão tratar de um grande número de questões, incluindo a identificação das populações priori­tárias para receber PrEP e dos melhores sistemas para distribuir ARVs a indivíduos saudáveis com práticas de alto risco. Também será necessário estabelecer sistemas para testar continuamente os usuários de PrEP quanto à infecção pelo HIV e monitorá-los quanto a qualquer efeito colateral de longo prazo causado pelas drogas. Campa­nhas amplas de consciencialização pública também serão necessárias para explicar a PrEP e comba­ter qualquer mudança de comportamento que possa ocorrer como consequência de seu uso. Tudo isso pode aumentar consideravelmente os custos já altos das actividades de prevenção, tra­tamento e cuidado contra o VIH/SIDA.
Mesmo assim, caso funcione, a PrEP tam­bém trará oportunidades sem precedentes. Apesar das conquistas no tratamento do VIH/SIDA, só no ano passado, foram registadas 2,7 milhões de novas infecções pelo VIH.
Fonte: VAX - Regina McEnery (Pesquisa de Vacinas contra a SIDA)

COMEÇANDO A CAMINHADA

A título de brincadeira do primeiro de Abril escrevi um texto em que seropositivos estabilizados e infectados durante anos estavam incluídos em equipas hospitalares de apoio à adesão à terapêutica pelos novos infectados. Os leitores ficaram espantados com tantas facilidades como se isso fosse algo do outro mundo, não sei exactamente se é por não acreditarem no governo, não acreditarem na capacidade dos seropositivos para o desempenho de tais acções ou por acharem que é um trabalho inútil e desnecessário.
A Lídia no seu excelente comentário acha que há que relevar o papel social do seropositivo o qual tem um conjunto de valências que o tornam mais abalizado para dar formação e eu acrescento aconselhamento, na área do VIH. Por outro lado e numa perspectiva realista acha que vivemos num país decadente, onde o desemprego e o trabalho precário são uma constante.
Na minha opinião não está errada, mas se todos nos conformarmos com o actual estado de coisas nunca chegaremos a lado nenhum. È necessário lutar para que as coisas mudem pois se nada fizermos o saco rebentará pelas costuras e abrimos caminho a uma nova ditadura desta vez dominada pelo poder económico-financeiro a qual será muito pior que a ditadura vivida pré 25 de Abril.
Pessoalmente luto contra a descriminação e exclusão social das pessoas infectadas pelo HIV SIDA, porque isto é o meu ideal, a minha causa e porque sinto na pele os efeitos do actual estado de coisas.
É preciso termos consciência que a nossa luta é pela sobrevivência e por uma qualidade de vida que não temos por não serem aproveitadas capacidades, e mais-valias bem como o não reconhecimento que temos uma palavra a dizer no combate à pandemia da SIDA e seu alastramento.
Nenhum político responsável poderá dizer que a luta contra a SIDA não é importante excepto se for depois de um bom almoço ou jantar bem regado com vinhos de qualidade caríssimos, à semelhança do que aconteceu com um ministro japonês que apareceu frente às câmaras de televisão com um pifo descomunal, pois em nada (isto no que se refere aos aspectos negativos) são diferentes dos políticos de outros países.
Se na luta contra a SIDA é importante a prevenção e a adesão aos medicamentos retrovirais, será importante também utilizar todas as armas disponíveis para que essa luta seja mais eficaz e entre essas armas está a comunidade infectada que tem uma palavra a dizer.
Nós conhecemos o outro lado da SIDA conhecemo-la por dentro e vivemos com ela (face ao desenvolvimento actual da ciência) todos os dias de nossas vidas. Sabemos onde falhámos, sabemos onde falharam todas as campanhas à data da nossa infecção e sabemos onde encontrámos uma ajuda quando a SIDA nos entrou pela porta dentro e instalou-se definitivamente em nossos corpos e almas.
É uma questão de justiça por um lado e por outro uma questão de bom senso se considerarmos que as palavras dos nossos políticos são genuínas e que acreditam que é necessário actuar para minimizar o problema da pandemia.
A luta está começando a tomar forma e só nos resta encontrar abertura por parte das comissões de saúde dos vários grupos parlamentares o que parece estar a acontecer.
Esperemos que esta abertura não seja fogo em fardo de palha, pois estamos em ano de eleições legislativas e mais de 30.000 votos de infectados acrescidos dos votos de pessoas afectadas pela pandemia, que poderão triplicar ou quadruplicar esse numero, poderão ter uma palavra a dizer na atenção que a causa possa merecer.
Resta-nos estarmos unidos, lutarmos pelos nossos direitos e por uma justiça social e nunca ,mas nunca baixarmos os braços e considerar-nos uns coitadinhos cuja sobrevivência está dependente da caridade daqueles que têm pena de nós.
O HIV pode e faz muitos estragos em nossos corpos e em nossas almas podendo até tirar-nos a vida, mas não nos poderá tirar o direito à dignidade humana e à qualidade de vida que qualquer outro ser humano não infectado tem, enquanto o folgo da vida estiver em nós. Resta-nos lutar para que isso aconteça.

SEROPOSITIVOS DÃO FORMAÇÃO EM ESCOLAS E HOSPITAIS

Depois de reconhecido o valor da comunidade seropositiva em acções de prevenção e desmistificação do VIH, o governo decidiu integrar pessoas infectadas pelo vírus da SIDA, nas equipes hospitalares de apoio à adesão das terapias retrovirais bem como na ajuda aos novos infectados para entenderem o que é viver com o VIH. O convívio inter pares de infectados de longa data e com bons conhecimentos sobre a doença é salutar e facilita quer a aceitação da infecção quer a adesão às terapias.
O governo reconheceu também que a participação de pessoas da comunidade seropositiva com experiência face à problemática do VIH e com formação na área da prevenção, poderão dar palestras nas escolas e alertar os alunos para os perigos da SIDA e de outras IST, bem como do uso de drogas.
Os membros da comunidade que participarem nestas acções de formação/aconselhamento/prevenção, serão pagos pelo seu trabalho sem que isso interfira com pensões por invalidez ou outros apoios do estado como o RSI.
Assim Portugal reconheceu competências à comunidade seropositiva, à semelhança daquilo que já é feito noutros países da Comunidade Europeia.
O dinheiro que os seropositivos ganharão nestas acções úteis a toda a comunidade, vai proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida, pois a maioria dos infectados vive de fracos recursos económicos.
Antes desta decisão governamental entrar em vigor, os seropositivos não tinham certificação de competências e para lhes pagarem uma quantia por exemplo de €50 não era possível por não haver enquadramento legal para que o seu trabalho fosse pago. Para além disto tinham de emitir recibos verdes e constituírem actos isolados de prestação de serviços, que por sua vez levava ao corte das pensões de sobrevivência ou do RSI. Note-se que antes eram pagos centenas de milhares de euros a certos senhores e que para esses pagamentos havia enquadramento legal e não havia problemas. Preocupavam-se com os tostões e não davam importância aos milhões.
O programa das novas oportunidades, lançado pelo actual governo e através do processo RVCC , que reconhece e certifica competências escolares e profissionais, foi ajustado para que a todos os seropositivos que nele participarem sejam dadas as certificações de competência para participarem nessas acções.
Como membro da Comunidade Seropositiva e como activista, regozijo-me com estas medidas que pecam por tardias, e só tenho pena que a notícia tenha saído da minha cabeça no dia 1 de Abril, o dia das mentiras e como bloguista sinto-me no direito de a publicar como a mentira do dia à semelhança do que fazem os midia neste dia.

QUANTOS SOMOS?


Li algures que Portugal parece ter um complexo em querer estar sempre acima dos outros naquilo que é mau.Eu diria que o nosso grande problema é uma desorganização total e uma falta de profissionalismo em quase todas as áreas. Devemos ter menos de 30.000 infectados com o VIH, dizem as estatísticas mas o certo é que ninguém sabe o número exacto de infectados. Se quisermos saber o numero exacto de pessoas infectadas fazendo o tratamento retroviral ou de novos infectados o panorama é semelhante ninguém sabe.

Pergunto-me se os retrovirais, dados aos doentes são comprados na “Candonga” pelo estado e se não há registos dessas compras. Não terão as farmácias hospitalares um registo do numero de doentes que levantam medicamentos para o VIH? Com uma margem de erro muito pequena (originária na medicação dada a doentes internados), poderíamos saber quantos doentes fazem a medicação, penso eu.

Não queremos saber e apenas se falam em números como que para impressionar os interlocutores e mostrarmos que temos tudo controlado se bem que esses números não expressem absolutamente nada isto se para os considerarmos certos lhes atribuirmos os valores reais aprendidos nos primeiros anos de escola.

Recentemente foi noticiado, que o Hospital Amadora Sintra tinha cerca de cinco novos casos de doentes HIV/SIDA diariamente. A noticia teve tanto impacto que a Coordenação Nacional para a Infecção pelo VIH, ficou com os cabelos em pé e pronunciou-se sobre estas declarações achando-as contraditórias.

Afinal onde está a verdade? São reportados cerca de 200 novos casos ano e estima-se que iniciem a terapêutica retroviral 120 pessoas ano.

Em 2009 (até há uns dias atrás) ainda não tinha sido reportado um único caso. Será que baseados nesta constatação poderão afirmar que as novas infecções acabaram em Portugal? Acho que isso não seria tão grave e nos daria um certo orgulho, do que falarem em números catastroficamente elevados como o fizeram.

Pede-se rigor na informação que é noticiada oriunda de [ir]responsáveis dos serviços de saúde, que em nada servem a comunidade de pessoas que infectadas ou afectadas se preocupam com o alastramento da pandemia.

Pede-se que haja responsabilização daqueles que noticiam sem verdade causando um alarmismo em nada benéfico para aqueles que vivem a SIDA todos os dias de suas vidas, quer por estarem infectados ou afectados e que trabalham para desmistificar a doença em si e para prevenir o seu alastramento.

Não sabemos ao certo quanto somos, mas somos muitos. É importante sabermos com uma margem de erro mínima quantos somos. É igualmente importante sabermos com rigor quantas novas infecções estão acontecendo ano após ano, e as fachas etárias onde as novas infecções estão acontecendo, para dirigirmos o esforço na prevenção para essas populações.

Certamente não será por falta de meios financeiros que esse trabalho não é feito, mas sim por uma preguiça crónica dos responsáveis por essa informação, ou por um sistema burocrático demasiado complexo nas notificações a fazer o qual devia ser simplificado.

Afinal , quantos somos e quantos mais se juntarão a nós durante este ano? Eu não sei, o leitor também não e se nos basearmos na informação disponível e credível, facilmente poderemos concluir que ninguém sabe. Uma coisa é certa e poderei afirmar com verdade “SOMOS MUITOS” e é desejável que quantos menos se juntarem a nós ,tanto melhor para todos.

A IGREJA NÃO SABE NADAR


De regresso ao Vaticano o Papa acaba a sua viagem evangelizadora a África. Banhos de multidões e até mortes por asfixia de fieis que queriam assistir à missa papal e que se aglomeravam à entrada dos estádios onde o evento se realizava. Sobre estas mortes não ouvi sequer uma palavra da boca do Papa. Ouvi que lhe tinham escondido a ocorrência, mas se eu e tantos outros tomámos conhecimento do ocorrido como se pode esconder algo que é revelado pelos meios de comunicação social. Será que também lhe escondem a mortandade em relação às mortes causadas pela SIDA?
Certo é que a igreja em questões de sexualidade e SIDA, está a meter água , muita água e o pior desta inundação é que a igreja não sabe nadar. O celibato poderá até ser aceite pelos membros do clero, embora me choque que esse celibato jurado e não cumprido por muitos clérigos faça vitimas muitas delas crianças em acções pedófilas, para além de destruir famílias e casamentos deitando em descrédito as doutrinas proclamadas pela igreja.
De volta a casa, era desejável uma reflexão sobre as politicas da igreja em relação ao preservativo e ao modo de como a igreja vê a sexualidade. Isso não vai acontecer pois outros assuntos terão prioridade na Igreja Estado e eventualmente poderão ser mais comedidos em falar publicamente sobre o preservativo, mas nada mudará. Os milhões de crentes católicos continuarão a seguir as suas vidas e a não respeitarem as linhas traçadas pela igreja mas isso é pouco importante para as chefias, à semelhança das politicas e políticos dos estados nações assumidos, em que as promessas sociais e para o bem do povo não são para cumprir, mas apenas algo para que o povo ponha a sua cruz no papel do voto carregando o madeiro da pobreza e de uma vida miserável em suas costas.
A cruz que Cristo carregou em suas costas, feita pelos homens e dita como libertadora é agora trazida de novo à ribalta e com uma produção industrial em série para que todos possam ter a sua. A humanidade dispensa mais cruzes (como a da SIDA) enviadas pela igreja, pois já chega a pobreza a fome e a miséria, num mundo que tem capacidade para que todos pudessem viver em abastança não fosse a ambição desmedida do bicho homem, que não ama o seu próximo nem protege os desfavorecidos pela sorte.
A igreja é necessária para ensinar o amor, a bondade, o fim das guerras e para criar um homem novo. Certamente o que menos precisamos é uma igreja a contribuir para o sofrimento humano com o custo de muitas vidas.
A igreja está a meter água e não tem consciência de que não sabe nadar .

PAPA A SIDA....


"Papa a SIDA Joana papa a SIDA, Joana papa a SIDA...."

Não fosse a peculiar ironia de que me acusam e que reconheço fazer parte do meu ser e o receio de poder magoar leitores crentes e faria um post altamente irónico referindo-me às declarações do chefe máximo da Igreja católica na sua viagem a África.
Chocam-me as palavras, do Papa


“Não se pode resolver (o problema da sida) com a distribuição de preservativos pelo contrário, a sua utilização agrava o problema “

A comunidade científica reconhece que o preservativo é um método eficaz no combate ao alastramento da pandemia que ceifou a vida a milhões de seres humanos. Certamente entre os milhões de fiéis da igreja católica haverá cientistas que reconhecem a eficácia do preservativo. Será que a chefia da igreja nega esta evidência?
Esta posição da chefia da igreja é questionada por padres e freiras que trabalham com vitimas da SIDA em África muito em especial em países como a África do Sul, Botswana, Suazilândia e Moçambique, os países mais afectados pela pandemia em todo o mundo.


Chocam-nos por vezes atitudes nos países muçulmanos no que se refere a castigos e mesmo condenações à morte por adultério, homossexualidade e outros comportamentos que para o modo de pensar ocidental são aberrações e crimes contra os direitos humanos sem nos lembrarmos dos horrores perpetrados pela igreja católica no passado com execuções na praça pública, pessoas queimadas na fogueira e empalamentos com tortura e o suplicio da sede, bem como a “santa inquisição”.
Hoje devido à igreja ter perdido esse poder face ao desenvolvimento da sociedade tal não é possível, mas face a estas declarações parece que o ”modus operandi” é o mesmo praticado apenas de um modo mais subtil e disfarçado. Afinal qual é o papel da igreja em relação aos seus seguidores? Será preciso reinventar a igreja e criar uma nova igreja baseada na mesma fé mas que se adapte à realidade do mundo moderno?


Pretende a igreja “Humanizar o Sexo”, segundo as declarações do Papa. O sexo é apenas destinado à procriação e fora disso o sexo é pecaminoso, creio ser o pensamento da igreja.
Questiono-me se com estas politicas não estará o Papa querendo ocupar o lugar de Deus, criador do universo e de todos os seres que nele existem. Se as politicas da igreja estivessem certas, o Criador certamente teria feito o homem sem desejo sexual e as fêmeas teriam o seu período de reprodução com o “CIO” à semelhança do que fez com outras espécies animais.


Fico triste por esta insistência papal em não aceitar o uso do preservativo como forma de poupar vidas e novas infecções pelo VIH. Tenho a certeza que no futuro um “Papa” virá pedir perdão ao mundo por estas políticas actuais, à semelhança do que fez em relação a crimes contra a humanidade cometidos no passado.
Quando será que”Jesus Cristo” voltará à terra e de Chicote na mão, à semelhança do que fez no Templo, expulsando os vendedores, porá fim a este estado de coisas?

PROGRAMA SIMPLEX NO HIV


“ Este programa não é o resultado de um esforço de todo o governo e não contou com o empenho muito especial do primeiro-ministro José Sócrates, nem do ministro de estado e da administração interna…”

Contudo e devido ao excelente poder de comunicação do nosso primeiro ministro que consegue convencer os portugueses da eficácia do seu governo, da revolução tecnológica e dos “Magalhães” distribuídos como docinhos por todo o mundo mostrando o nosso desenvolvimento, não é de descartar a possibilidade de ter influenciado os cientistas de todo o mundo que se dedicam ao estudo da SIDA, acerca das vantagens do seu “Simplex”.
É moda a simplificação das terapias retrovirais e a terapia um comprimido dia é já uma realidade, pese o facto que a infecção pelo VIH é muito complexa e este avanço não é aplicável a todos os infectados.
Um grupo de investigadores da Universidade da Califórnia, realizou um ensaio o qual tinha como objectivo encontrar uma alternativa fácil e barata para medir a concentração de fármacos no sangue e analisar esta relação com a descida de carga viral e assim comprovar a eficácia dos medicamentos tomados pelos doentes.
Os testes de carga viral são caros e requerem que o doente tenha de ir ao hospital tirar sangue para análise. Neste ensaio apenas tiram um cabelo ao doente e analisam a concentração de medicamentos no mesmo. Concluíram neste estudo que existe uma relação entre carga viral e a concentração de medicamentos no cabelo. Quanto maior a concentração de fármacos no cabelo menor é a carga viral. O método é barato e poderá contribuir para um melhor seguimento no tratamento de doentes nos países pobres ou em via de desenvolvimento, sendo de considerar a sua utilização em países desenvolvidos devido à redução de custos nos testes de carga viral. No futuro e com o desenvolvimento desta nova descoberta os dispendiosos testes de carga viral serão apenas utilizados naqueles doentes que mostrem uma baixa concentração de fármacos no cabelo.
Para além desta relação entre concentração de medicamentos no sangue, e carga viral, este novo método cuja sensibilidade de medição é encorajadora poderá ser muito útil para os médicos estabelecerem um ajuste na medicação e prescreverem doses mais baixas ou mais altas de medicamentos dependendo das necessidades de cada doente.
A comunidade seropositiva “careca” não será prejudicada em principio, pois hão-de encontrar sempre um pêlo seja lá onde for.
Não temos informação se este método “simplex” de teste foi inspirado no programa do nosso governo, mas o certo é que quer um quer outro depois de desenvolvidos e aperfeiçoados poderão dar frutos, embora pessoalmente eu ache que é mais difícil o programa português funcionar pois por essência somos um povo complicado e a nossa simplificação consiste em criar novas complicações.

HCV-CARGA VIRAL vs MORTE


Continuaremos a privilegiar a informação científica que nos vai chegando, traduzindo textos de news letters que nos enviam sobre resultados de novos estudos referentes ao HIV, HCV e outras co-infecções. Contudo achamos que as traduções de textos de cariz científico, por vezes são de pouco interesse para os nossos leitores que não pretendem aprofundar a matéria, mas que gostam de saber certos resultados.
Assim passaremos a elaborar resumos dos dados científicos obtidos em diversos estudos que publicaremos, não deixando de publicar os trabalhos com pormenor científico para aqueles que gostarem.
O texto que a seguir apresentamos mostra a influência que a carga viral (quantidade de vírus no sangue) tem (independentemente do genotipo do vírus) na progressão da Hepatite C em pessoas co-infectadas com o HIV, demonstrando que a mortalidade é semelhante em ambos os grupos. Mostra também que a mortalidade é menor nos portadores dos genótipos 2 e 3 do vírus.
Um abraço e ficamos gratos pela vossa visita.
Raul

Jürgen Rockstroh, do grupo de estudo EuroSida, apresentou os resultados de um estudo que tentava aclarar um factor, sobre o qual, a investigação ainda não tinha dados satisfatórios: como influencia a carga viral da hepatite C e o genotipo viral, sobre a progressão da infecção por HIV ou VHC. Os autores do estudo, investigaram a progressão por qualquer motivo ou pela doença hepática num grupo de 1.952 pessoas co-infectadas com o HIV e VHC, e compararam ao indivíduos com uma carga viral de hepatite C detectável (que se considerou baixa com um nível inferior de 500.00UI/ml e alta, com > 500.000 UI/ml) com aqueles sem carga viral (<615UI/ml de ARN de VHC) , e também os genotipos virais.

Das 1.952 pessoas co-infectadas, um total de 1.537 (78,7%) tinha uma carga viral detectável de VHC (>615 UI/ml. Destas, 821 (53,1%) apresentavam uma carga viral de VHC alta segundo a definição do estudo. Os resultados do ensaio demonstram que os indivíduos com uma carga viral baixa tiveram uma incidência similar de morte e de morte associada a problemas hepáticos, que aqueles com uma carga viral < a 615 UI/ml. De qualquer forma, os indivíduos com uma carga viral alta de VHC, demonstraram um aumento significativo da taxa de mortalidade associada a problemas hepáticos. Dos 1.537 participantes co-infectados pelo HIV e VHC, 800 tinham um genotipo 1 (52%), 53 genotipo 2 (3,4%), 466 genotipo 3 (30,3%) e 218 (14,2%) genotipo 4. Os resultados demonstraram, que depois de um ajuste em análise, os genotipos 2 e 3 tinham uma incidência mais baixa de mortalidade, que foi estatisticamente significativa no genotipo 3. Uma tendência similar foi observada para os óbitos asociados a problemas hepáticos, ainda que neste caso, a diferença não foi significativa de um ponto de vista estatístico.

Segundo os investigadores, os pacientes co-infectados com uma carga viral alta deste grupo, apresentavam um aumento da taxa de mortalidade associada a problemas hepáticos. De qualquer forma, os genotipos 2 e 3 relacionavam-se com um decréscimo da mortalidade por outras causas e mortalidade associada ao fígado.

Este resultado, difere de outros observados em indivíduos mono-infectadas pelo VHC, nas quais a carga viral deste vírus não é um factor preponderante de mortalidade.
Fonte: Grupo de Tratamentos VIH
Tradução: Pedro Serrano


PESSOAS IMUNES AO VIH/SIDA


Existem pessoas com aparente resistência à infecção pelo HIV as quais podem dar pistas importantes para a pesquisa de vacinas contra a SIDA aos cientistas que tentam desvendar os mistérios do HIV e descobrir métodos de protecção contra a infecção. A noção de que determinadas pessoas têm uma resistência natural ao virus é ao mesmo tempo, uma hipótese fascinante e um verdadeiro enigma. Mais de duas décadas de pesquisas nesta área confirmam que o fenómeno existe. Em mais de 30 coortes de alto risco foram identificados indivíduos denominados Sero Negatívos Expostos (SNE) que conseguiram escapar da infecção, mesmo após uma ou várias exposições ao HIV. As pesquisas com essas pessoas resultaram na publicação de mais de cem artigos científicos, começando com um importante estudo envolvendo uma coorte de profissionais do sexo em Nairobi, no Quénia. Esse estudo, conduzido pelo cientista francês Plummer, Imunologista da Universidade de Manitoba. mostrou que algumas profissionais do sexo dessa coorte pareciam resistentes à infecção pelo HIV e que, de facto, havia uma diminuição nas taxas de infecção entre estas mulheres a cada ano em que elas continuavam actuando como trabalhadoras sexuais. Outras coortes de SNE,s também foram identificadas, como homens que fazem sexo com homens (HSH), parceiros não infectados em casais sero-discordantes nos quais um é conhecidamente infectado pelo HIV, hemofílicos que receberam hemoderivados contaminados pelo vírus no início dos anos 80, antes da implementação da triagem ao sangue dos doadores, e usuários de drogas injectáveis. Mesmo após vários anos de pesquisa, continuamos sem saber como esses indivíduos continuam escapando do HIV. Depois do estudo de Plummer, grande parte dos cientistas descartou a hipótese de se tratar de mera coincidência e acredita que essas raras pessoas podem possuir algumas características genéticas ausentes na maioria da população. Desde então, a comunidade científica empenha-se em descobrir quais são essas características e porque apenas alguns seres humanos as possuem. Mas identificar e caracterizar os possíveis mecanismos de protecção desses indivíduos tornou-se um exaustivo e inconclusivo esforço que gerou resultados conflituosos e por vezes, controversos, levando alguns pesquisadores a adoptar uma postura profundamente céptica. A possível identificação de respostas imunológicas específicas ao HIV nestas pessoas poderia fornecer dados importantes para o desenvolvimento de vacinas contra a SIDA, mas mesmo os cientistas que permanecem estudando os SNE,s não têm a certeza de que importantes pistas imunológicas virão à tona por meio desses indivíduos. Contudo, quase todos concordam que vale a pena continuar o estudo dos SNEs.

A comunidade cientifica chegou à conclusão de que é possivel desenvolver uma vacina anti VIH, no entanto essa tarefa leva tempo e se considerarmos o tempo que vacinas demoraram a ser desenvolvidas para outras patologias não podemos desesperar face à necessidade urgente de uma vacina para o virus da SIDA, pois a investigação começou apenas em 1983.

A titulo de curiosidade a vacina para a Febre Tifóide demorou 105 anos a ser descoberta; para a Tosse Convulsa 42 anos; para a Poliomielite 47 anos; para a Varicela 42 anos etc.etc.

A vacina para a Malária já tem mais de 112 anos de investigação e ainda continua a ser investigada.

Um dia teremos a nossa vacina certamente e o HIV passará à história das grandes pandemias globais, que mataram milhões de seres humanos.
Fonte: Informação IAVI